Pensando sobre propósito ou o sentido das nossas vidas

Maria Angélica de Oliveira 

Lucélia de Lima


 Quando uma criança nasce, nasce um criador cuja maior obra é a construção de si mesmo. Não se trata da visão reducionista neoliberal individualista. É preciso cercar a percepção de construção da subjetividade da noção de coletividade. Não estamos sós e fazer-se humano depende fundamentalmente do local, da época e das circunstâncias culturais de cada um. Mas, a partir de então, as escolhas que emergem desse meio desenham cada ser.

 São escolhas condicionadas, mas são escolhas. Somos brasileiros e isso significa dizer que fomos colônia, que nossa cultura se formou num caldeirão proveniente do encontro de outras culturas e que esse encontro nos fala da violência da exploração, do estupro e do desejo de extrair o máximo da terra e voltar para Portugal. Não se pode negá-lo. 

 Mas só as circunstâncias não são suficientes para produzir um ser humano. Nossa consciência é um constante lançar-se no meio e por escolhas construir-se. No entanto, o mais difícil de tudo isso é que há um movimento social produzindo compradores e produtores. Mas não nos reduzimos ao consumo de que somos capazes. Somos muito mais. Somos seres que podem projetar-se e agir. Somos cidadãos de uma comunidade. 

 E é nessa condição que nossas escolhas são feitas. Quando falamos de propósito, estamos nos referindo ao fato de que ao nos tornar humanos estamos direcionando nosso olhar para o futuro e para a forma como queremos estar amanhã. Não apenas como indivíduo, mas como comunidade. 

  É do compromisso com a comunidade, portanto na condição de cidadão, que o propósito nasce. Quando coloco os meus pés no mundo e como membro de uma comunidade não a deixo padecer as dores para as quais há remédios. Faço-me parte da corrente dos que lutam, dos que se importam, dos que não se deixam morrer pela indiferença.

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